Psicoterapia na Abordagem Holística


PSICOTERAPIA NA ABORDAGEM HOLÍSTICA

Resumo:
A Psicoterapia é parte integrante do atendimento na Terapia Holística e um de seus maiores diferenciais em relação a outras profissões correlatas. Em publicação recente, já destacamos que uma das formas mais práticas e eficientes de introduzir a proposta em consultórios é a implementação de técnicas básicas de Aconselhamento. Outrossim, para este momento, a porposta é a de incrementar a idéia inicial, somando a esta outras formas de abordagens psicoterápicas, em especial, algumas correntes básicas da psicanálise.
Na transcrição, incluiremos paralelismos entre as idéias de Freud, Reich e Jung e as tradições terapêuticas milenares, mostrando que existe compatibilidade entre todos, passíveis de serem sintetizadas em procedimentos de consultório dos Terapeutas Holísticos.

Introdução:
A Terapia Holística, ainda sob outros nomes, existe desde os primórdios da humanidade, tendo na figura dos xamãs-sacerdotes a sua personificação conhecida mais antiga. Desde o princípio, nossa profissão aplicou a devida importância à conversação e à empatia como caminhos para obtenção de melhores resultados terapêuticos. Além de manter-se sempre bons ouvintes, várias técnicas eram acrescidas para ampliar a compreensão do que estava além do alcance das palavras. Neste quesito, fatores subjetivos como os sonhos eram bastante valorizados como portal para o autoconhecimento, sendo a sua interpretação facilitada pela indução a estados alterados de consciência. Os próprios sintomas físicos do Cliente e, até mesmo, os acontecimentos sociais, eram passíveis de análise com estas mesmas técnicas.

Sigmund Freud
 Naqueles tempos, o paradigma Holístico reinava absoluto, porém, a partir do século V a.C., sacerdócio e terapia inciam seu divórcio e a abordagem "científica-reducionista-elitista" cria uma nova personagem, a medicina, nascida antagônica à abordagem "empirica-holística-acessível" de nossos ancestrais xamânicos. A Terapia Holística, forçada a se adaptar para sobreviver às fogueiras da inquisição  e, mais modernamente, à ditadura do "cientificismo", mudou várias vezes de nome, fez concessões demais, na tentativa de incorporar a postura reducionista e mecanicista de seus algozes. Simplesmente, focou no físico, ignorou os aspectos sócio-culturais e perdeu a "alma", desprezando o psíquico e o transcendente, esquecendo do poder das abordagens Psicoterápicas.
No começo do século 20, Sigmund Freud, inicia o movimento da Pscicanálise, com a divulgação de estudos que demonstravam sintomas físicos sendo criados ou suprimidos mediante sugestões hipnóticas e, numa evolução da proposta, onde se otimiza condições para que os Clientes por sí só encontrem origens e explicações para seus sintomas incomodativos, que se "dissolvem espontaneamente" no decorrer destes procedimentos (método catártico).
Carl Gustav Jung
A Psicanálise recebeu a adesão e contribuição de grandes pensadores, sendo que dois deles, em especial, podem ser assimilados com maior ênfase e compreensão à Terapia Holística; Wilhelm Reich e Carl Gustav Jung.
Um dos tópicos de maior atenção na Psicanálise é o desenvolvimento de teorias sobre as Estruturas da Personalidade. Freud, influenciado por sua formação, buscava explicar percepção, memória, pensamento, afetividade, enfim, que todo objeto de discussão relacionado ao psiquismo, a uma sistematização sobre neurônios, modificações fisiológicas, emfim, que todos os processos psíquicos repousassem sobre aquilo que fosse FISICAMENTE mensurável. Contudo, tamanha limitação de visão foi descartada, libertando Freud para sistematizar de forma subjetiva, estruturando didaticamente, a Personalidade em Id, Ego e Superego, aqui resumidos, de forma ultra-simplificada, em Inconsciente (a parte "inacessível" de nossa personalidade, impulsos em busca de satisfação), Consciente ("eu") e Censor("juiz" do Ego, o Ego "idealizado").
Dissidindo de Freud em vários aspectos, Reich "corporificou" o inconsciente, identificando suas informações como uma bioenergia circulante (por ele denominada "orgone"). A negação das emoções, impulsos, desejos oriundos do Id se dá pelo impedimento da livre passagem da bioenergia por meio da musculatura corporal, quer seja pela tensão excessiva (mais facilmente identificável...), ou pela ausência desta (falta de tônus), pois em ambas as situações, é prejudicado o livre fluxo energético. Observa-se aqui, um grande paralelismo (jamais assumido...) com as teorias da Terapia Tradicional Chinesa e seus Meridianos (caminhos preferenciais da energia circulante). Analisando os Clientes, Reich e seus discípulos identificaram regiões corpóreas estatisticamente predominantes, nas quais os traumas psíquicos específicos a cada fase da vida tendem a ser sua energia-informação retida emsua circulação em direção ao inconsciente. Tal mapeamento aproxima-se e muito das zonas tradicionalmente definidas para os Chakra (centros de energia), tanto nas tradições milenares da China, quanto da Índia.
Enquanto na abordagem freudiana, o Cliente segue seu próprio ritmo espontâneo de resgate do inconsciente, por meio de associações livres de idéias durante as consultas, na análise reichiana introduziu-se o TOQUE nas zonas musculares específicas ("couraças"),  provocando a circulação da bio-energia e, com isso, o contato consciente com as emoções e lembranças reprimidas. Aqui, encontramos novos paralelos com as técnicas milenares de terapia pelo toque, atualmente conhecidas como Tui-ná, Shiatsu, Sei-Tai, dentre muitas outras.
Jung, por sua vez, em mais uma dissidência em relação a Freud, ampliou o conceito inicial de Inconsciente, que era tido como individual, ou seja, "separado" para cada indivíduo, introduzindo nele o adjetivo de Coletivo.
Wilhelm Reich
A análise dos sonhos (por sinal, mais uma TRADIÇÃO MILENAR de todos os xamãs, pajés e sacerdotes, ou seja, os ancestrais dos Terapeutas Holísticos de todas as culturas...) dos Clientes ostentavam, frequentemente, idéias e conceitos universais, expressos nas mais variadas culturas, perpetuadas em suas lendas e tradições. Tais coincidências significativas (Sincronicidades) nos levam a supor que, apesar de indivíduos, temos acesso, ainda que de modo INCONSCIENTE, a informações universais e oriundas do conhecimento COLETIVO. Na abordagem junguiana, os acontecimentos psíquicos estão em Sincronicidade com os físicos e igualmente relacionados com o Universo em seu todo. Ou seja, uma abordagem verdadeiramente HOLÍSTICA.
Aplicação prática da teoria da sincronicidade junguiana e do paradigma holístico, faz uso da extreita conexão existente entre o objeto da análise e o instante universal em que ele se apresenta, o qual se torna interpretável por técnicas que exponham símbolos e arquétipos do inconsciente colotivo (astros, números, cartas, hexagramas, etc.), pontos estes de referência sobre os quais tanto o profissional, quanto o Cliente projetam seu psiquismo, intuição e o pensamento não-linear, identificando por "insight" simultaneidades significativas acausais, aflorando à consciência a síntese uma série de fatores até então não compreendidos. Desta forma, perante uma abordagem de linha junguiana, podemos incorporar métodos tradicionais e modernos de análise, tais como radiestesia, paranormalidade, astrologia, numerologia, tarot, I Ching, búzios, runas e similares para conhecimento e compreensão da personalidade e habilidades de um indivíduo.
Com este breve paralelo entre três grandes nomes da Psicanálise e as semelhanças (ainda que JAMAIS assumidas...) entre suas abordagens e as terapias milenares, fica aqui a propositura de que se pode (e deve...) revisitar as técnicas ancestrais, sem desprezar o que a modernidade acrescentou de bom...
A proposta aqui apresentada busca RE-incluir a Psicoterapia no dia-a-dia das técnicas de abordagens somáticas (tais como Acupuntura, Fitoterapia, Terapia Corporal, Cromoterapia, Cristalterapia, etc.). Para tal, convém incluirmos o clássico, ou seja, a PSICANÁLISE, nome moderno que se dá àquilo que tão bem já praticavam nossos antecessores sacerdotes-xamãs.
Este trabalho é reflexo da experiência pessoal do autor, o qual, de 1982 a 1989, atuou sob o paradigma reducionista-mecanicista com Hipnose, Acupuntura, Auriculoterapia, Shiatsu e, a partir de 1990, integrou técnicas de Relaxamento, Terapia Floral, Psicoterapia Transpessoal (Vivências sobre Sonhos e Acontecimentos), Regressão/Progressão, etc.) Psicanálise Reichiana e Junguiana ao seu consultório, iniciando o novo século, crendo-as bem integradas para fazer justica à sua titulagem de Terapeuta Holístico.

Texto de Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico
Fonte de pesquisa: SINTE - Sindicato dos Terapeutas.