PSICOTERAPIA NA ABORDAGEM HOLÍSTICA
Resumo:
A Psicoterapia é parte integrante do atendimento na Terapia Holística e um de seus maiores diferenciais em relação a outras profissões correlatas. Em publicação recente, já destacamos que uma das formas mais práticas e eficientes de introduzir a proposta em consultórios é a implementação de técnicas básicas de Aconselhamento. Outrossim, para este momento, a porposta é a de incrementar a idéia inicial, somando a esta outras formas de abordagens psicoterápicas, em especial, algumas correntes básicas da psicanálise.
Na transcrição, incluiremos paralelismos entre as idéias de Freud, Reich e Jung e as tradições terapêuticas milenares, mostrando que existe compatibilidade entre todos, passíveis de serem sintetizadas em procedimentos de consultório dos Terapeutas Holísticos.
Introdução:
Naqueles tempos, o paradigma Holístico reinava absoluto, porém, a partir do século V a.C., sacerdócio e terapia inciam seu divórcio e a abordagem "científica-reducionista-elitista" cria uma nova personagem, a medicina, nascida antagônica à abordagem "empirica-holística-acessível" de nossos ancestrais xamânicos. A Terapia Holística, forçada a se adaptar para sobreviver às fogueiras da inquisição e, mais modernamente, à ditadura do "cientificismo", mudou várias vezes de nome, fez concessões demais, na tentativa de incorporar a postura reducionista e mecanicista de seus algozes. Simplesmente, focou no físico, ignorou os aspectos sócio-culturais e perdeu a "alma", desprezando o psíquico e o transcendente, esquecendo do poder das abordagens Psicoterápicas.
Sigmund Freud |
Carl Gustav Jung |
Um dos tópicos de maior atenção na Psicanálise é o desenvolvimento de teorias sobre as Estruturas da Personalidade. Freud, influenciado por sua formação, buscava explicar percepção, memória, pensamento, afetividade, enfim, que todo objeto de discussão relacionado ao psiquismo, a uma sistematização sobre neurônios, modificações fisiológicas, emfim, que todos os processos psíquicos repousassem sobre aquilo que fosse FISICAMENTE mensurável. Contudo, tamanha limitação de visão foi descartada, libertando Freud para sistematizar de forma subjetiva, estruturando didaticamente, a Personalidade em Id, Ego e Superego, aqui resumidos, de forma ultra-simplificada, em Inconsciente (a parte "inacessível" de nossa personalidade, impulsos em busca de satisfação), Consciente ("eu") e Censor("juiz" do Ego, o Ego "idealizado").
Dissidindo de Freud em vários aspectos, Reich "corporificou" o inconsciente, identificando suas informações como uma bioenergia circulante (por ele denominada "orgone"). A negação das emoções, impulsos, desejos oriundos do Id se dá pelo impedimento da livre passagem da bioenergia por meio da musculatura corporal, quer seja pela tensão excessiva (mais facilmente identificável...), ou pela ausência desta (falta de tônus), pois em ambas as situações, é prejudicado o livre fluxo energético. Observa-se aqui, um grande paralelismo (jamais assumido...) com as teorias da Terapia Tradicional Chinesa e seus Meridianos (caminhos preferenciais da energia circulante). Analisando os Clientes, Reich e seus discípulos identificaram regiões corpóreas estatisticamente predominantes, nas quais os traumas psíquicos específicos a cada fase da vida tendem a ser sua energia-informação retida emsua circulação em direção ao inconsciente. Tal mapeamento aproxima-se e muito das zonas tradicionalmente definidas para os Chakra (centros de energia), tanto nas tradições milenares da China, quanto da Índia.
Enquanto na abordagem freudiana, o Cliente segue seu próprio ritmo espontâneo de resgate do inconsciente, por meio de associações livres de idéias durante as consultas, na análise reichiana introduziu-se o TOQUE nas zonas musculares específicas ("couraças"), provocando a circulação da bio-energia e, com isso, o contato consciente com as emoções e lembranças reprimidas. Aqui, encontramos novos paralelos com as técnicas milenares de terapia pelo toque, atualmente conhecidas como Tui-ná, Shiatsu, Sei-Tai, dentre muitas outras.
Jung, por sua vez, em mais uma dissidência em relação a Freud, ampliou o conceito inicial de Inconsciente, que era tido como individual, ou seja, "separado" para cada indivíduo, introduzindo nele o adjetivo de Coletivo.
Wilhelm Reich |
Com este breve paralelo entre três grandes nomes da Psicanálise e as semelhanças (ainda que JAMAIS assumidas...) entre suas abordagens e as terapias milenares, fica aqui a propositura de que se pode (e deve...) revisitar as técnicas ancestrais, sem desprezar o que a modernidade acrescentou de bom...
A proposta aqui apresentada busca RE-incluir a Psicoterapia no dia-a-dia das técnicas de abordagens somáticas (tais como Acupuntura, Fitoterapia, Terapia Corporal, Cromoterapia, Cristalterapia, etc.). Para tal, convém incluirmos o clássico, ou seja, a PSICANÁLISE, nome moderno que se dá àquilo que tão bem já praticavam nossos antecessores sacerdotes-xamãs.
Este trabalho é reflexo da experiência pessoal do autor, o qual, de 1982 a 1989, atuou sob o paradigma reducionista-mecanicista com Hipnose, Acupuntura, Auriculoterapia, Shiatsu e, a partir de 1990, integrou técnicas de Relaxamento, Terapia Floral, Psicoterapia Transpessoal (Vivências sobre Sonhos e Acontecimentos), Regressão/Progressão, etc.) Psicanálise Reichiana e Junguiana ao seu consultório, iniciando o novo século, crendo-as bem integradas para fazer justica à sua titulagem de Terapeuta Holístico.
Texto de Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico
Fonte de pesquisa: SINTE - Sindicato dos Terapeutas.